sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Paciência















Não é falta de coragem. 
Não é joguinho.
Não é insegurança.
Não é cu doce.
Não é incerteza.
Não é indiferença.
Não é difícil.
Não é complicado.
Não é nada disso.

Confia em mim.
Parece loucura, mas confia em mim.

Quero ganhar a sua confiança aos pouquinhos.
Porque eu já tive medo que nem você.
Qualquer movimento brusco e você foge, né?

Sei que estou sendo testada.
Alguns chamariam isso de estratégia, mas é puro cuidado.
Te entendo um pouco mais agora. Você quer ter certeza.

Não quero perder você de vista, mas também não quero perder o controle. 
Não agora que a distância entre nós é tão pequena.
Toda essa cautela vai valer a pena, eu sei.

Não posso ter pressa, mas não posso perder o ritmo.
Então a gente faz assim:
Não saia daí. Eu vou até você.

Um passo atrás do outro que é pra você ver que eu não quero te fazer mal.
Minhas mãos ao alto. Peço trégua. Peço paz.
Peço que você baixe a sua guarda também.
Me entrego 
pra você ver que, 
na verdade, 
eu 
sempre 
fui 
refém.





sábado, 21 de fevereiro de 2015

Hipoteticamente falando.

Durante muito tempo eu fiquei me perguntando se a culpa da gente não ter dado certo não foi minha.
Por causa disso, apesar do medo de parecer idiota ser monstruoso, mesmo que tropeçando e gaguejando, fui atrás de você. Não sei se você percebeu, mas eu fui.


Sempre pensando: “e se ele achar que eu não gosto dele o suficiente para merece-lo?”, “vai que ele encontra uma menina que goste dele e saiba expressar o que sente melhor do que eu?”, “e se ele é o amor da minha vida e eu tô deixando ele escapar por pura incompetência?”


Essas hipóteses me guiaram até aqui. E eu resolvi calçar você com os meus sapatos pra ver se a gente chega no mesmo lugar:


E se você não viu que eu gosto esse tantão de você, simplesmente, porque preferiu não ver?


Se você encontrasse outra garota e realmente quisesse estar com ela, o fato dela não deixar óbvio que quer estar contigo também, te impediria de mostrar o que você quer?


E se, assim como eu, você tivesse medo de me ver amando outro alguém?
Você já não teria vindo atrás de mim, mesmo que tropeçando e gaguejando, da mesma forma que eu, idiotamente, fui atrás de você? E se você veio e eu não percebi?


E se, no final das contas, eu sou o amor da sua vida e você tá me deixando escapar por pura incompetência?


Se a resposta pra essas perguntas for sim, eu posso até ter culpa, mas você também tem, porque foi tão covarde quanto eu.


Se for não, eu não posso me sentir culpada porque na vida as vezes acontece da gente gostar de alguém e esse alguém não corresponder. Eu não sou culpada de amar sem ser amada. Você não tem culpa de eu te amar e você não me amar.


Então, é assim:
Ou nós dois somos culpados, ou nós dois estamos absolvidos da culpa.


Dividir a culpa ou a não-culpa de nós dois é uma incógnita.
Se esse pensamento inteiro surgiu porque pra mim, amor é complicado que nem matemática, nessa equação eu sou igual à você e tanto você quanto eu somos zeros.
E zero mais zero sempre será zero.


E se esse amor fosse bom pra mim, eu não estaria fazendo metáforas com tribunais e matemáticas.


Zero mais zero sempre será zero.

Julgamento encerrado.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

"Curtidas"

Oi, o meu nome é Julie e eu sou viciada em redes sociais.
Olho o meu smartphone umas 1938294039 vezes por dia e me odeio por isso.


Facebook, instagram, twitter, snapchat, whatsapp e outros tantos. Faço uso deles.
Ou eles fazem uso de mim, sei lá.


Eu sei que não estou só, e isso não me consola nem um pouco.
Pelo contrário, me aterroriza.


Não vou chegar com aquele papo anti-tecnologia que não acrescenta em nada, até porque, a tecnologia não vai regredir, e nem deve, a tecnologia é o máximo!
Mas é aquela frase do tio Ben, o tio do homem-aranha, que me faz refletir:
“Com grandes poderes vem grandes responsabilidades”.


Hoje em dia, você posta na internet o que quiser.
Se quiser postar 80 selfies idênticas no seu perfil do facebook, você pode.
Se quiser falar mal do seu vizinho, pode.
Se quiser mostrar pra todo mundo que tá feliz, é lógico que você pode.


Quem nunca? Eu já.
E foi quando eu percebi o meu comportamento compulsivo que eu percebi que tinha algo errado.


Pra que tanta foto da minha cara?
Pra que deixar todo mundo ver que eu xingo o meu vizinho?
Pra que mostrar que eu tô feliz?
E o pior, pra que mostrar que eu tô feliz mesmo quando eu não tô?


A nova droga é a tal da “curtida”. Ela vicia.
Você se vê fazendo coisas idiotas pra manter o vício.
Você “curte” coisas que não curte, só pra te “curtirem” de volta, e no fundo você sabe que ninguém tá curtindo nada. Todos estão “curtindo”. Tentem entender as aspas.


As pessoas não postam fotos sorrindo porque estão felizes, mas porque querem mostrar que estão felizes.
Estamos alimentando a vida virtual com a vida real.
É isso, a nossa vida real tornou-se alimento da vida virtual.
E por mais delicioso que seja o alimento, uma hora ele vira fezes. Eca!


Não é hipocrisia, é auto-crítica. Eu faço parte dessa geração. E eu tenho medo.
Tenho medo de só sorrir se souber que alguém vai ver.


A internet tem esse grande poder de fazer parecer que estão perto aqueles que estão longe.
Eu moro longe dos meus pais, e graças à internet, a distância não parece tão grande.
Nas férias, quando eu venho para a casa dos meus pais, eu acompanho o que tá acontecendo na vida dos meus amigos pela internet.
Eu falo com pessoas que têm uma vida corrida e só não sumiram da minha vida por causa da internet.


Não posso fazer a internet de vilã.
Não mesmo.


A gente que tá sendo Peter Parker nesse filme chamado Vida.
Estamos deixando o poder chamado internet nos dominar.
Por favor, não vamos chorar quando o tio Ben, grande inspiração para esse texto, for morto pelo bandido que a gente deixou escapar enquanto checava, pela milésima vez, se não tinha notificações novas no facebook.
Pega esse smartphone e faz ele de celular uma vez nessa vida, liga pra polícia, pede pra prenderem o bandido, pede pra eles salvarem o tio Ben, pelamorrrr!!!

Usemos os nossos smartphones com sabedoria!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Férias finalmente.

Em casa, nesse friozinho que eu nem sabia que ainda existia, tão diferente do calor de 50º do Rio de Janeiro, não consigo nem reclamar da maritaca que pousa todas as manhãs no pé de goiaba em frente à janela do meu quarto, gritando desesperadamente.
Até a conexão instável da internet, que me deixaria insana em outros tempos, me traz paz.
Me desconectar era necessário afinal.
Depois de muito tempo eu estou escrevendo, e não digitando, um texto.
Essa preguiça de ligar o computador me fez lembrar de como é boa a sensação de ter um lápis desenhando os meus pensamentos.

O meu celular descarregou há umas 5 horas e eu esqueci de por pra carregar.
As minhas maiores urgências aqui são impedir que o Gonpo, meu cachorrinho, coma mais uma meia;
ajudar a minha mãe a achar um canal com filme bom;
ir até a sala checar se está tudo bem com o meu pai, e descobrir que o motivo do muxoxo é que ele largou em 12º no gran turismo;
ouvir a música que a minha afilhada compôs enquanto eu estava fora e segurar as lágrimas que a melodia me proporcionou;
conversar sobre novela com a minha avó, ouvindo ela falar que mais do que raiva da vilã ela tem raiva é da mocinha;
ver o orgulho nos olhos da minha priminha quando ela mostra pra mim como estão gordinhos os filhotinhos da cadela dela e consequentemente sentir orgulho dela;
continuar a bolsa de crochê que eu comecei a fazer no verão passado;
correr pra janela antes que a primeira estrela apareça, é brega, mas é uma urgência minha, fazer o que?

Todo esse cenário combina tanto com O Enforcado que eu tirei no tarô...
Coincidência ou não, o conselho é dos bons: o melhor a fazer é não fazer nada.
Sinto que entendo um pouco o que o mais sábio dos meninos, Manoel de Barros, disse sobre dar respeito às coisas desimportantes.
Pelo menos por enquanto, permitam que eu aproveite o luxo dessa inércia.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Já não sonho com você.

Se não me dá uma raiva desgraçada te ver dando moral pra essazinha aí?
Meu amor, eu tô me controlando pra não te ligar agora mesmo e perguntar o que ela tem que eu não tenho.
Tô segurando a minha onda, afinal, se ela já tem mais da sua atenção, enquanto eu me esforço pra te fazer ver o melhor que eu posso ser, imagina se eu te mostrasse o meu lado feio?  
Você ia me querer ainda menos.
E eu te quero demais.

De vez em quando me pergunto por que te quero tanto.
O seu beijo nem foi tão bom. 
Já tive mais química com garotos que eu queria bem menos do que quero você.
E mesmo assim, é do seu beijo que eu me lembro, e não dos beijos dos outros.

E eu me lembro do seu abracinho.
Inho sim. Não foi aquele abração.
Não fez com que eu me sentisse segura, o que até então, era o que eu buscava dentro de todos os abraços que ganhei.
Não se fez vendaval dentro de mim, daqueles que desestabilizam e fazem parecer que você só ainda tá de pé porque tem alguém ali te segurando.
Não foi assim.
Parecia mais brisa, daquela que passa, e você quer que te sopre pra sempre, um soprinho delicado, fraquinho.
Foi abraço que me deixou querendo mais abraços, mas não escreveu promessas de ficar, e depois que passou, não fez planos de voltar.

Acho que a sua intenção foi realmente essa: passar.
Mas a sua leveza me encantou, e agora eu tô aqui, que nem uma criança bobinha que corre atrás de um balão que deixou escapar...

Agora eu tô aqui, lembrando do seu beijo meia-boca, do seu abracinho-brisa, enquanto só observo você se querendo pra cima dessazinha.
Fico me perguntando se você já a beijou. Se vocês combinam. 
Se o seu abraço se esforça pra se tornar moradia dela.

Já não sonho com você.
A minha vontade de te ter se tornou medo dela te ter.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Melhor espectadora

Admito que abri os olhos enquanto te beijava.
É que eu sabia que só o tato, o olfato, o paladar não seriam o bastante caso você fosse embora como foi.
Eu precisava de mais alguma coisa que me convencesse de que foi real.
E eu me convenci, apesar de não saber se foi convincente pra você.
Mas fica tranquilo. Não vou correr atrás de você pra perguntar.
Algumas coisas ficam melhores no ar.
E a gente segue assim.
Um dia, talvez eu junte um pouco de coragem pra te chamar pra sair.
Ou talvez a coragem seja pra admitir que foi só aquilo e nada mais.
Até lá, eu vou desempenhar com maestria o meu papel de personificação da covardia enquanto assisto o seu filme indicado ao prêmio de melhor indiferença.
Existe prêmio de melhor espectadora?

Divã


Já não consigo escrever poesia, só prosa.
Me sinto num divã 24 horas por dia.
Se o taxista, o porteiro, a vendedora da loja, ou qualquer outro que esteja simplesmente fazendo o seu trabalho, me der um sorriso, um “oi”, ou tiver o azar de trocar olhares comigo... acho que vou despejar toda essa minha tralha emocional sobre o(a) coitado(a).
E você deve achar que tá fácil pra mim, afinal, eu escondo toda essa energia pesada de você, finjo que não ligo, finjo que sou legal, finjo que essa sua indiferença não me faz mal…
Mas aquele funcionário do supermercado trajando um colete “posso ajudar?” com certeza viu os meus olhos se encherem de lágrimas ao avistá-lo na sessão de legumes.
Ah, se não tivesse uma senhorinha perguntando pra ele se tinha abobrinha mais bonita no depósito…
Isso que você fez comigo!
Você tirou de mim a poesia, agora vivo uma novela mexicana que só eu ainda assisto.
Tenho que me controlar pra não fazer de psicólogos os funcionários das mais diferentes redes de supermercados.
E essa confusão que mora em mim foi você quem plantou.
E eu acho que você nem sabe que é encantador, por isso eu te desculpo, aliás, nem te culpo.
Você nem deve ler isso de qualquer forma porque a sua vida seguiu. Só a minha continua aqui, esperando pelo próximo capítulo.