quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Eu não quero ficar de boa.

Eu não quero ficar de boa.
Eu sei que as regras falam que eu não posso deixar você ver que eu tô na sua.
Mas eu não quero um amor que siga regras.
Se você me perguntar como eu tô, eu quero poder te falar que eu tava mal porque acordei atrasada, com medo de perder o trem,  e enquanto escovava os dentes na pressa, a pasta de dente caiu na minha blusa, aí eu tive que trocar de blusa e perdi o trem, mas agora, na estação, mesmo com o próximo trem atrasado, eu me sinto bem e sorrio que nem uma idiota encarando a tela do celular, relendo a sua mensagem de bom dia.
Eu quero poder te falar coisas que seriam desinteressantes para outras pessoas, mas na esperança de que para você não sejam, porque pra mim, até a cor do par de meias que você escolheu hoje vira papo pra horas.
Eu não quero passar um dia sem te responder só porque você demorou 3 horas, 47 minutos e 59 segundos para me responder.
Já foi sofrimento demais todo esse tempo sem sinal de você.
Quando eu for te encontrar, mesmo que seja pra comer um pastel no bar da esquina, eu quero por o meu melhor vestido, passar batom e perfume, e se você não me elogiar, eu vou te perguntar se eu tô bonita, porque eu quero que você perceba que eu quis ficar bonita pra você.
Eu não quero não criar expectativas, porque cada sorriso meu pensando em você e em tudo o que a gente pode ser vale a pena ser sorrido.
Eu amo sorrir, gargalhar tanto quanto amo amar.
E eu não quero fingir que não só porque a maioria das pessoas não sabe ser amada.
Eu quero amar todo mundo por quem eu sentir amor.
Porque sentir amor, uma penca sente, mas amar, quase ninguém.
E é bom saber que o meu amor espanta muita gente.
Quem ficar é porque ama o meu amor também.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

You wore me.

You used me. You wore me.
When I just wanted you naked.
I'm not talking about stripping off your clothes, for God's sake.
Why does everything have to be about sex?
I'm not talking about body.
I'm talking about soul.
I should've known from the beginning.
You were never special.
It's my fault for believing you were different.
When you're just one more guy that begs for my lips, but prays for your kiss to never touch my heart.
Because you, just like them, can't handle hearts, can you?
You run from them as if they had a gun aimed at you.
If you could only see my heart you would know.
It never meant to arrest you.
It had its hands up.
It had its guards down.
But you didn't want to stay.
Boys like you always go away.
And I'm glad you do.
Because I wouldn't want to realize how precious my time is only after you waste it all.
And I'm always too weak thinking I have to be strong and try my best until the very end.
When, actually, it never really started.
By "it" I mean love.
Ops!
Did I just say the forbidden word?
Well, I guess now I can't take it back, can I?
But calm down, I never loved you with my disgusting love, if that's what you're thinking.
I just loved the idea of maybe seeing you and not just your body.
But people are never naked nowadays.
People wear people.
You wore me.
But I'm not worn out.
I still have my precious time with me.
And even though people like you hide them behind other people's bodies, I still believe in souls.
You wore me but I'm not worn out.
Because you wore my body, you kissed my lips, but you never touched my heart.
You never touched my soul.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Firefly

If all your insecurities blind you, you don't see I have my insecurities too.
I may walk, talk and smile confidently, as if I knew every tree in this forest but I'm scared. I'm lost.
You may think it's easier for me to find you than for you to find me, but that's because the opposite of you, I hide my insecurities, so you don't see them.
But I see them
And I see yours too. They disorientate me.
So I try to close my eyes.
But I only hear my heartbeats.
They are so loud sometimes I think you hear them too.
But if your heartbeats are just as loud as mine, maybe you can't hear mine, maybe you can only hear yours.
We don't hear each other.
But how could I hear you? How could you hear me? If we're both silent.
And we're way too far to hear each other's hearts.
"Unlike the singing cicadas, the silent fireflies burn themselves." says a japanese proverb. But how can I tell if you aren't just a fly, if it's still morning and even if you shine I can't see because of the sun still so bright?
What if I'm looking for a non-existent fire?
And I need fire.
I'm a night camper in the middle of a cold mysterious forest.
And I'm still traumatized from the past stones that promised me fire, but only gave me sparks.
I know it's still too soon, but I can't waste time. Sooner the day gets dark.
What if you're not a firefly, what if you're not fire? What if you're just sparks?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Primeiro encontro.

Se você não tivesse puxado o meu braço porque vinha um carro na nossa direção antes mesmo de completarem-se 10 minutos do nosso segundo "oi", talvez a sua falta de jeito me incomodaria.
Se os segundos que os seus olhos pararam nos meus tivessem demorado meio segundo a menos, talvez eu estaria reclamando da sua incapacidade de me olhar sem ficar sem graça.
Se os silêncios constrangedores tivessem sido quebrados por mim e não pela sua voz quase sussurrada, talvez eu diria que você é sem-atitude.
Se você não ficasse com o braço, rígido, colado no meu todas as vezes em que eu esbarrei o meu braço no seu de propósito, talvez o fato de você não agarrar a minha mão me diria que você tem medo de mim.
Se quando a gente parou em frente á vitrine da loja de violões usados, eu não tivesse visto o seu reflexo no espelho encarando o reflexo dos meus olhos recém-tirados de um takamine de 54,000 ienes, eu teria reparado mais em quanto a gente não tem nada a ver.
Se a gente não tivesse passado três horas rindo das frases aleatórias que você sabe em português, talvez eu me importaria mais com o fato de que você talvez jamais conseguirá falar uma frase composta por mais de 5 palavras na minha lingua materna.
Se você não ficasse com um sorriso idiotamente lindo toda vez que eu completava o nome de um lutador brasileiro que você admira do ufc, eu ficaria com mais raiva de você se surpreendendo ao ver que eu sei tanto quanto você de um esporte que, ao seu ver, é masculino.
Se a gente não tivesse cantado axé em pleno cruzamento lotado de uma rua de Tóquio, com vários olhos japoneses julgando a nossa falta de respeito pela ordem pública, eu talvez diria que você é igual á todos eles.
Se você não tivesse me arrastado para comprar dvds regraváveis em uma segunda loja de oito andares, porque na primeira de nove andares, dentre as sete marcas que tinham lá, nenhuma era a que você queria, talvez eu não teria reparado que em cada escada rolante que a gente pisou, você fazia questão de pisar num degrau antes do meu, só para se virar de frente para mim.
Se a minha vontade de te ver de novo fosse menor do que o tempo que a sua mão encostou na minha na hora do aperto de mão mais desastroso da face da terra, eu não estaria aqui escrevendo isso tudo para você, tentando me convencer de que se você não me chamar para sair de novo, eu mesma chamo você.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Olhos.

Foi com as pernas tremendo de incertezas que ela resolveu dar o primeiro passo na direção dele.
Foi com os olhos sorrindo que ele abriu os braços para espera-la.
Foi com as pernas, ainda tremendo de incerteza, que ela resolveu não dar mais passo nenhum.
Ela viu os olhos dele sendo tomados pela decepção. 
Com os braços ainda abertos.
Parado feito estatua na contra-mão.
Se ele andasse, atropelaria tudo.  
O tempo. 
Os sonhos. 
Os dele.
E os dela também.
E ele não estava disposto a atropelar nada por ela, estava?
Ela ignorou os braços e os olhos estranhamente tristes, que em qualquer outra ocasião faria de tudo para que sorrissem de novo.
Virou as costas para ele.
Querendo que os últimos olhos que visse vindos dele fossem sorridentes como os de outro tempo.
Um tempo em que o adeus parecia longe. 
Mas os olhos tristes só lembravam que o adeus estava mais perto do que nunca. De braços abertos.
Tentando fugir do adeus, ela deu três passos na direção oposta.
Mas percebeu que ao fugir do adeus dos olhos ela fugia dos olhos que ela tanto amava.
Nesse momento ele gritou o nome dela.
Ela olhou para trás.
Ele estava um passo mais perto. Agora com os braços em repouso.
Ela perguntou: "o que foi?"
Ele não respondeu. Só sorriu com os olhos de sempre.
Ela sorri de volta.
Dessa vez, sem hesitar, caminhou até ele.
E disse que sabia olhar a hora, e por mais que aqueles olhos fossem mil vezes mais bonitos que os ponteiros de qualquer relógio, logo logo eles estariam fora de alcance, já o tempo? O tempo permaneceria com ela o tempo todo. 
"Se cuida" - ela falou.
"No futuro, você não vai ter que decidir entre os meus olhos e os ponteiros do relógio, menina. Ao olhar nos meus olhos você vai se ver, e vai ter a certeza de que eles só olham para você. Mas eu preciso que os seus olhos me olhem nos olhos para que você veja que assim como o tempo, os meus olhos estão o tempo todo com você." - ele não disse. Os olhos disseram.
"Se cuida, menina" - ele falou. "um dia a gente se reencontra"
Ele se viu nos olhos dela, que sorriam ao se ver nos olhos sorridentes dele.