terça-feira, 26 de maio de 2015

Dessa vez

Dessa vez eu prometo não me arrepender do que eu não fiz.
Não vou deixar de dizer nada que eu sinto, tampouco vou antecipar os meus sentimentos.

Ainda não sinto nada por você, só sinto que posso vir a sentir, e por enquanto isso basta.
E isso não é uma tentativa de me proteger, pelo contrário, eu caminho sem armadura em direção à você, portanto vulnerável e leve, sem defesas e sem o peso de qualquer previsão neurótica de um ataque improvável vindo de você.

Melhor jogar fora esse mapa que eu mesma desenhei e que por isso mesmo, mais do que ninguém, eu conheço o trajeto de cor  e sei que é só andar em círculos: o objetivo é chegar no ponto de partida.

Não é somente inútil como é um desperdício correr, se eu não tenho pressa.

 Não tem aqui nenhuma mensagem subliminar.

Se você, por "acaso", me vê daí, já deveria ser capaz de entender que: sim, eu estou te procurando, mas não, eu não me importo se não te encontrar.

Dessa vez, o importante é o ato de andar.

Um pé depois do outro, que uma hora eu chego lá, ou será que seria: "volto pra cá"?




domingo, 24 de maio de 2015

Pique esconde com a paz



Conheço muitas pessoas fortes, independentes, confiantes, que diariamente, não só através de palavras, mas principalmente através de exemplos, me ensinam a correr atrás do que eu quero.

"Quer amor? Quer sucesso? Quer felicidade? Quer de verdade? Ou quer que isso tudo caia do céu? Não vai cair! Tem que correr atrás."

E isso que eu tenho aprendido com elas é precioso.
Ser dona de mim, saber me virar, procurar caminhos para me encontrar... tudo isso faz com que eu me sinta viva de uma forma tão plena que é até difícil de explicar.

De dois anos para cá, eu posso dizer que não parei em nenhum momento, nem para descansar.
Me pergunto de onde veio fôlego, se eu mal tive tempo para respirar.
Tudo tão intenso... tantos desafios.

Continuei perseguindo tudo que eu acredito ininterruptamente.

Até que um dia a exaustão me pegou desprevenida e eu não aguentei.
O que mais eu podia fazer? Desmaiei.
E quando eu recuperei os meus sentidos, me vi perdida.
Até pensei em procurar o caminho de volta para casa, mas não havia uma única pista.
E eu ainda não tinha me recuperado.
Só me restava descansar enquanto esperava a energia voltar.
Fiquei parada, ali mesmo.
Não saí do lugar.

Nas primeiras horas fiquei inquieta, vendo gente indo e vindo, e eu inerte.
Acho que a mente e o corpo, desacostumados do sossego, se coçavam, mas só tinham força suficiente para isso, então aos poucos consegui me convencer de que não era errado tirar um tempinho para não fazer nada.

As horas seguintes foram passando devagarzinho e em silêncio.
O corpo não se mexia, a mente não pensava em nada.
Ignorava o mundo lá fora, mas ao contrário do que eu pensei que aconteceria, o mundo não me ignorou.
O vento me soprou, o sol me aqueceu, a chuva me molhou...
E eu não tive que me esforçar, as coisas aconteciam, e eu apenas recebia...

Até que me deu fome, e quando ela apareceu eu tive que me mover, fui procurar alimento.

E essa é a história de como eu vi que é possível morar no caos sem deixar o caos morar em mim.

As minhas próprias conquistas, as minhas paixões, as minhas motivações, os meus sonhos não podem me escravizar.
Eu não posso ter medo de ser crua.

A gente corre atrás de tanta coisa que acaba correndo da paz.
E a paz, de todas as coisas que a gente procura na vida, é a única que procura a gente de volta.

Ou seja, a gente brinca de pique esconde com a paz, e é divertido, contanto que eu não vença sempre, contanto que quando for vencida, saiba perder.








sábado, 23 de maio de 2015

Arte


"One only understands the things that one tames," said the fox. " Men have no more time to understand anything. They buy things all ready made at the shops. But there is no shop anywhere where one can buy friendship, and so men have no friends any more. If you want a friend, tame me. . ."

"What must I do, to tame you? asked the little prince.

"You must be very patient," replied the fox. First you will sit down
at a little distance from me -like that-in the grass. I shall look at you out of the corner of my eye, and you will say nothing. Words are the source of misunderstandings. But you will sit a little closer to me, every day..."

The next day the little prince came back.

"It would have been better to come back at the same hour," said the fox.
"If for example, you came at four o'clock in the afternoon, then at three o'clock I shall begin to be happy. I shall feel happier and happier
as the hour advances. At four o'clock, I shall be worrying and jumping about.
I shall show you how happy I am! But if you come at just any time, I shall never know at what hour my heart is ready to greet you. . . One must observe the proper rites. . ."

"What is a rite?" asked the little prince.

"Those also are actions too often neglected," said the fox. "They are what make one day different from other days, one hour different from other hours.

[...]

So the little prince tamed the fox. And when the hour of his departure drew near---

"Ah," said the fox, "I shall cry."

"It is your own fault," said the little prince. "I never wished you any sort of harm; but you wanted me to tame you. . ."

"Yes that is so", said the fox.

"But now you are going to cry!" said the little prince.

"Yes that is so" said the fox.

"Then it has done you no good at all!"

"It has done me good," said the fox, "because of the color of the wheat fields." And then he added: "go and look again at the roses. You will understand now that yours is unique in all the world. Then come back to say goodbye to me, and I will make you a present of a secret."

The little prince went away, to look again at the roses. "You are not at all like my rose," he said. "As yet you are nothing. No one has tamed you, and you have tamed no one. You are like my fox when I first knew him.
He was only a fox like a hundred thousand other foxes. But I have made a friend, and now he is unique in all the world." And the roses were very much embarrassed. "You are beautiful, but you are empty," he went on.
"One could not die for you. To be sure, an ordinary passerby would think that my rose looked just like you --the rose that belongs to me. But in herself alone she is more important than all the hundreds of you nother roses: because it is she that I have watered; because it is she that I have put under the glass globe; because it is for her that I have killed the caterpillars (except the two or three we saved to become butterflies); because it is she that I have listened to, when she grumbled or boasted, or even sometimes when she said nothing. Because she is MY rose."


And he went back to meet the fox. "Goodbye" he said.

"Goodbye," said the fox. "And now here is my secret, a very simple secret:

It is only with the heart that one can see rightly; what is essential is invisible to the eye."


The Little Prince by Saint-Exupéry




Será que é por causa dos seus olhos brilhando enquanto você fala entusiasmado sobre uma das tantas coisas pelas quais você é apaixonado?
Ou é o seu sorriso imperfeito, que eu não me canso de estudar?
Pode ser a sua voz carinhosa ao lembrar do seu avô.
Ou o arrepio que a sua mão gelada causou quando me tocou.

Eu, sinestésica do jeito que sou, vejo as suas cores e elas são mais do que eu consigo sentir... nem com auxílio de todos os meus sentidos eu consigo te decifrar.

E eu espero que continue assim.

Não é importante entender a arte.

É arte sentir.





A Força - XI


terça-feira, 12 de maio de 2015

Eu sei


Eu sei que o que eu sei sobre você é muito pouco, mas isso não muda o fato de que são 02:30 da madrugada e eu preciso escrever sobre você porque são tantos pensamentos que eu não consigo dormir.

Eu sei que você já tá dormindo, porque você dorme cedo pra acordar cedo. Eu que durmo e acordo mais tarde que você, e sempre te falo "boa noite" por último, enquanto você me dá "bom dia" primeiro.

Eu sei que você tá ocupado, que a sua vida tá corrida. A minha também tá.
Mas tô com uma vontade doida de puxar papo, perguntar sobre a o seu dia, sobre a chuva, sobre os seus planos pro fim de semana.

Eu sei que eu tenho que ser paciente, que logo logo você vai ter tempo pra mim, porque foi o que você disse, e eu acredito, mas essa inquietude não me larga.

Eu sei que você é diferente dos outros.
Mesmo assim, tenho medo de que eu ainda seja a mesma dos outros, cometendo os mesmos erros, te arrastando pra esse circulo vicioso que tem sido a minha vida.

Eu sei que é cedo pra listar os meus saberes sobre você, mas só isso me impediria, pelo menos por enquanto, de listar o que eu ainda não sei.

Eu sei que ainda não te conheço muito bem, mas tô amando conhecer.

Só pra não perder o costume: boa noite!
Só pra tentar quebrar a rotina, talvez amanhã eu te dê o primeiro "bom dia".