domingo, 24 de maio de 2015

Pique esconde com a paz



Conheço muitas pessoas fortes, independentes, confiantes, que diariamente, não só através de palavras, mas principalmente através de exemplos, me ensinam a correr atrás do que eu quero.

"Quer amor? Quer sucesso? Quer felicidade? Quer de verdade? Ou quer que isso tudo caia do céu? Não vai cair! Tem que correr atrás."

E isso que eu tenho aprendido com elas é precioso.
Ser dona de mim, saber me virar, procurar caminhos para me encontrar... tudo isso faz com que eu me sinta viva de uma forma tão plena que é até difícil de explicar.

De dois anos para cá, eu posso dizer que não parei em nenhum momento, nem para descansar.
Me pergunto de onde veio fôlego, se eu mal tive tempo para respirar.
Tudo tão intenso... tantos desafios.

Continuei perseguindo tudo que eu acredito ininterruptamente.

Até que um dia a exaustão me pegou desprevenida e eu não aguentei.
O que mais eu podia fazer? Desmaiei.
E quando eu recuperei os meus sentidos, me vi perdida.
Até pensei em procurar o caminho de volta para casa, mas não havia uma única pista.
E eu ainda não tinha me recuperado.
Só me restava descansar enquanto esperava a energia voltar.
Fiquei parada, ali mesmo.
Não saí do lugar.

Nas primeiras horas fiquei inquieta, vendo gente indo e vindo, e eu inerte.
Acho que a mente e o corpo, desacostumados do sossego, se coçavam, mas só tinham força suficiente para isso, então aos poucos consegui me convencer de que não era errado tirar um tempinho para não fazer nada.

As horas seguintes foram passando devagarzinho e em silêncio.
O corpo não se mexia, a mente não pensava em nada.
Ignorava o mundo lá fora, mas ao contrário do que eu pensei que aconteceria, o mundo não me ignorou.
O vento me soprou, o sol me aqueceu, a chuva me molhou...
E eu não tive que me esforçar, as coisas aconteciam, e eu apenas recebia...

Até que me deu fome, e quando ela apareceu eu tive que me mover, fui procurar alimento.

E essa é a história de como eu vi que é possível morar no caos sem deixar o caos morar em mim.

As minhas próprias conquistas, as minhas paixões, as minhas motivações, os meus sonhos não podem me escravizar.
Eu não posso ter medo de ser crua.

A gente corre atrás de tanta coisa que acaba correndo da paz.
E a paz, de todas as coisas que a gente procura na vida, é a única que procura a gente de volta.

Ou seja, a gente brinca de pique esconde com a paz, e é divertido, contanto que eu não vença sempre, contanto que quando for vencida, saiba perder.








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