sexta-feira, 13 de março de 2015

Eu não me apaixonei por você.


É meio difícil dizer isso, deve ser difícil pra você ouvir também, mas lá vai:

Eu não me apaixonei por você!

O que?

Você não tá acreditando?

E olha que você tava de fora.

Você nem tava sentindo coisas, como o coração pular, ou a garganta fechar.
Nem sentia mil borboletas no estômago, nem sentia nada, ou o tudo, que eu sentia.

Pensa em gravidez psicológica: o amor que eu tive por você foi por aí.
Tive todos os sintomas de amor, e eu acreditei demais nesse amor, amei esse amor, mas no final das contas não tinha amor ali, como eu ia dar à luz um amor inexistente?

Eu tava sob efeito da sua voz rouca.
Possivelmente me deixei influenciar pelo seu sorriso.
Mas com certeza, quando eu olhava nos seus olhos, eu não me via, nem te via, e isso, de certa forma, me intrigava.

Cheguei a pensar que fosse problema nos meus olhos, por isso decidi usar óculos.
Não óculos normais, mas aqueles que quando a gente vai pro sol a lente escurece.
Eu pensei que seriam úteis, já que você pra mim era sol.
Tão brilhante que era difícil manter os olhos abertos perto de você.
E isso me denunciou.

Quando eu me aproximei de você, cuja presença sempre se assemelhou à do sol, percebi que as lentes não escureceram.
Pela primeira vez eu percebi que sempre que fui ao seu encontro, estava de olhos fechados, por isso eu não via nada.
Depois dos óculos, eu não tinha medo de que o seu brilho cegasse os meus olhos, e isso me fez ir confiante em sua direção, com os olhos bem abertos, e foi aí que eu vi que o seu brilho não era real. Aquele brilho, que ao mesmo tempo que me fascinava, me afastava de você, não existia. Nem o calor existia.

Não que o brilho seja pré-requisito para o amor. Pelo contrário. A lua e as estrelas, por exemplo, não brilham durante o dia, e nem por isso eu deixo de aguardar ansiosamente a noite para vê-las.

O problema é que o seu falso brilho me afastou do seu real ser e do seu real brilho.
Eu te inventei.
E quem você realmente era não correspondeu às minhas malditas expectativas.

Talvez, se eu tivesse te conhecido de verdade, eu poderia ter sentido coisas de verdade.
Mas foi tudo mentira.

Eu não me apaixonei por você.




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