quarta-feira, 30 de março de 2016

Não sei

No que eu estava pensando quando eu aceitei te ver de novo?
Eu já não tinha dito que a gente é incompatível?
O que é que a gente tanto procura nos olhos um do outro?
Eu te falei com todas as letras que não confio em você!
Você diz que eu vou ver que você não é de todo ruim.
E eu prometi para mim mesma que antes que você conseguisse mostrar uma coisa boa vinda de você, eu fugiria.
Mas eu não fugi até agora. Parece que eu quero ser convencida.
Foi preciso muita força para ir embora quando você me implorou para ficar.
E no caminho de volta para casa eu já não sabia se os calafrios que eu sinto percorrerem a espinha quando você sorri esse seu sorriso malicioso eram mesmo frutos do medo.
Eu já não sei de nada.
Pior do que o tempo que eu passo com você, me esforçando para que as minhas orações coordenadas façam sentido, é o tempo que eu passo naquele trem que você faz questão de me levar até a porta, como se estivesse me conduzindo até o meu auto-julgamento, onde eu me arrependendo de cada vírgula que eu disse.
Você me deixa ansiosa quando eu não te vejo, quando eu penso em te ver, quando eu penso em nunca mais te ver de novo e quando eu, de fato, estou te vendo, na minha frente, com a sobrancelha esquerda levantada, parecendo se aproveitar de cada uma das minhas inseguranças.
Você poderia por favor ser menos polido com a garçonete?
Eu já te disse que a gente divide a conta.
Poderia, por favor tirar a mão do meu ombro?
Poderia parar de reclamar da solidão que sente na sua casa nova?
Eu consigo ir pegar o meu próprio copo de água, obrigada.
Eu posso abrir as minhas próprias portas.
A pronuncia errada do meu nome na sua voz me agride.
Eu repasso todo o jantar, mas não me lembro do gosto da comida.
Eu mal me lembro de como eu andei da estação até esse quarto frio.
Cada vez sinto mais o meu descontrole sobre a situação.
Cada vez sinto mais o seu controle sobre mim.

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