domingo, 21 de junho de 2015
Promessa: meus diálogos imaginários com Freud
Penso, penso e penso, e não consigo encontrar formas de explicar o que eu sinto.
Talvez seja um sinal de que eu não deva.
Até porque eu não sei.
Mas as vezes me bate uma aflição, porque eu sempre tive necessidade de colocar os pingos nos i's. Um i sem pingo é algo difícil de compreender, me fazendo até mesmo duvidar de que aquilo é um i, e se nem uma letra for? Vai que é só um traço vertical? Vai que é um algarismo 1 que se esqueceu de crescer...
Sabia que nos alfabetos turco, azeri e tártaro existe o i sem ponto? É o ı, cujo simbolo fonético é até diferente do nosso i normal (ı = /ɯ/).
(Dá só uma olhadinha na wikipedia para maiores informações > https://pt.wikipedia.org/wiki/I_sem_ponto< )
Tá, eu tô forçando a barra.
É lógico que dá pra entender quando é uma letra i pelo contexto.
Qual seria o sentido de um traço na vertical ou de um filhote de número 1 no meio de uma palavra?
E a gente fala português! Não turco, nem azeri, nem tártaro.
Não é?
É!
Acho que todo esse surto, que me levou a digitar "i sem pingo" no google, me fazendo descobrir a existência de duas línguas turcomanas até então desconhecidas (azeri e tártaro), aliás, poderia ser explicado por Freud.
Ele diria que eu estou me reprimindo e isso reflete no meu histórico de pesquisas do google.
Segue o diálogo imaginário que tive com Freud, meu psicanalista particular:
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Eu: Mas me reprimindo de que, Freud, espertinho?
Freud: Minha cara, vamos recapitular? Qual é o motivo da sua leve histeria?
Eu: Bem, eu estava falando sobre como eu pensava, pensava e pensava em formas de falar o que eu sinto...
Freud: Exatamente! Pensar em formas de falar o que você sente, já sugere que você quer falar o que sente.
Eu: Mas, senhor, querer não é poder nem conseguir.
Freud: Exatamente! É esse querer e não poder nem conseguir que é objeto de estudo da minha teoria sobre repressão psicológica.
*digito "repressão psicológica no search do google, clico no primeiro link e ele me redireciona para <https://pt.wikipedia.org/wiki/Recalque_(psicanálise)> *
Eu: Senhor, li a sua teoria sobre repressão psicológica na wikipedia e eu acho que o senhor está levando tudo isso ao extremo. Era só uma coisinha de lev...
Freud: Coisinha de leve que te levou a me invocar.
Saiba mocinha, que sou muito ocupado, a wikipedia também é.
Aliás, a senhorita não deveria estar ocupada estudando para as suas provas, trabalhos e seminários? Final de período está aí e a senhorita brincando...
Duvido muito que na sua prova de kanji na quarta-feira caia turco, azeri e tártaro, que eu saiba, os kanji são caracteres da língua japonesa então fecha essas abas de pesquisa sobre línguas turcomanas.
E a senhorita sabe que as páginas da wikipedia não são fontes confiáveis, não é?
Vai colocar wikipedia nas suas referências bibliográficas? Não vai!
Eu: Ok, ok, sr. Freud! O senhor está parecendo a minha mãe. Vou deixá-lo em paz agora, está bem?
A gente não precisava disso tudo.
Eu te desinvoco.
Freud: Até mais. A gente se vê no seu próximo surto.
*Puff! Freud desapareceu*
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E foi assim que eu pude perceber que por mais que a minha maior vontade seja a de colocar pingos com formato de coração em cima dos is que escrevem a introdução da nossa possível história, eu vou ter que me contentar com is sem pingos, e isso não vai me matar, e nem é motivo pra invocar Freud, até porque, pingo com formato de coração em cima do i é coisa de menininha de 10 anos de idade.
E eu infelizmente não tenho mais 10 anos de idade.
Tenho é mil trabalhos e provas e seminários.
Tenho é que desapegar da wikipedia.
Tenho é que parar de escrever textos que coloquem em cheque a minha sanidade mental.
Prometo que vou tentar.
E uma promessa de que irei tentar pode até não ser uma promessa de que irei conseguir, mas já é um querer.
E querer já está ótimo.
Querer já explica teorias do Freud por exemplo...
Enfim...
Vou colocar o título desse texto como "Promessa", porque "Meu diálogo com Freud" só deixaria o meu bom e velho psicanalista imaginário ainda mais prepotente, e não é isso que nós queremos.
Promessa tá bom. Freud pode estar presente no subtítulo.
terça-feira, 9 de junho de 2015
Sobre sorvete
Se eu não tenho medo de estar vulnerável?
Meu amor, pensa numa criança de 4 anos que se perdeu da mãe no supermercado...
É assim que eu me sinto.
E eu fico aqui na esperança de que nesse grande supermercado que é a vida, assim como a mãe, você esteja procurando desesperadamente pela criança (no caso, por mim, nessa comparação maluca).
Mas ao mesmo tempo, eu fico com medo da criança, vulnerável do jeito que está, sair correndo em direção a qualquer pessoa mal-intencionada, porque oras, é uma criança de 5 anos, e ela ainda não entende bem a vida, e pessoas mal-intencionadas estão em todas as esquinas oferecendo sorvetes, prometendo que vão ajudar a encontrar a mamãe.
Aí eu me pergunto:
Será que você é um estranho?
Se for, será que você é um estranho mal-intencionado?
Ah, existe a chance de você ser um estranho bonzinho, que vai me ajudar a encontrar a minha mãe, não?
Pronto, você não é mais a minha mãe nessa metáfora confusa.
Agora você é o estranho.
Mas aí eu me lembro que eu não tenho 4 anos.
Que eu já sou bem grandinha e capaz de recusar sorvete de estranhos.
Mas e se estranha for a vida?
Afinal, o que eu sei dela? Parece que a cada dia sei menos.
Pronto, você não é mais o estranho.
A vida é uma estranha.
Será que a vida está me oferecendo um sorvete e eu estou hesitante em aceitá-lo, só porque eu não sei a procedência desse sorvete?
Será que esse sorvete não vai me fazer mal?
Pronto, você virou o sorvete agora.
E eu gosto de sorvete.
Sorvete me faz feliz.
Minha mãe só diz que não é bom tomar sorvete quando a garganta estiver doendo, mas ela sabe como eu gosto de sorvete, e mesmo com a garganta doendo ela me deixa tomar. Só que ela diz pra eu tomar aos pouquinhos, pra não ir esganada pra cima do sorvete porque assim, eu tomo sorvete sem comprometer a minha garganta.
Garganta, nesse caso, é o meu coração.
Você ainda é o sorvete.
E eu nem sei se essa história de que tomar sorvete piora uma garganta que está doendo foi comprovada cientificamente, mas a minha mãe falou, tá falado.
Aliás, eu acho que a criança de 4 anos devia ser que nem eu e ouvir mais a mãe dela.
Principalmente quando ela diz para não falar com estranhos, nem que eles ofereçam sorvete.
Ainda bem que eu não sou uma criança de 4 anos.
Ainda bem que você não é um estranho.
Ainda bem que agora você é sorvete.
E, quando alguém me perguntar se eu não tenho medo de estar vulnerável, a minha resposta será simples:
-Eu gosto de sorvete!
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