segunda-feira, 6 de julho de 2015

Medo de tudo, medo do nada.


E se eu te disser que eu tô com medo?
Parece que a qualquer momento alguém vai me roubar de você.
Eu que era tão sua até outro dia.
Eu que estava tão apaixonada pela ideia de ter você me chamando de "minha".

Me sinto insegura, indecisa.
Parece que a possibilidade de eu não te ver de novo se torna cada vez menos assustadora.
Parece que logo logo eu vou me esquecer de tudo.
E quando eu digo tudo eu falo sério.

Se esse presságio se consumar, em alguns meses talvez o milagroso fato das nossas vidas terem se cruzado se tornará algo que nenhum de nós dois sentirá necessidade ou vontade de lembrar.
Como vai ser quando alguém falar o seu nome perto de mim e eu pensar no primo de 3 anos da minha vizinha em vez de pensar em você?

O gosto do seu beijo, que vinha do nada, nos mais aleatórios momentos do dia, me fazendo parar o que quer que eu estivesse fazendo, eu sinto cada vez mais fraco, cada vez menos desnorteante.
A minha blusa com o seu cheiro eu já lavei três vezes, o perfume que eu sinto é puro fruto da minha sinestesia.

Eu tenho tentado alimentar algo que não tem fome de nada.
Na minha ingenuidade, cheguei a pensar que o problema estava no alimento, nunca em mim, nunca em você.

Apesar de sempre achar que 24 horas é pouco demais para o que exigem da gente em um dia, cada hora longe de você pareceu infinita, e de infinito em infinito eu cheguei até aqui.

E você bem sabe que eu sou obcecada por tudo que questiona a rigidez da distância e do tempo.
Você sabe.
Eu te contei.

Você sabe e mesmo assim o fato de eu estar aqui e agora prestes a discursar sobre a Teoria da Relatividade não te diz nada.
O fato de eu ter medo de não sofrer por não mais te ter na minha vida não te diz absolutamente nada.

E a nossa geração acredita mesmo nisso: não sentir nada é a resposta para tudo.
A gente não entende que anestesia é só pra quem sente dor.
Mas ninguém sente dor, somos todos viciados em anestesia.
E, meu amor, no final é isso o que dói mais:
Pensar que a gente não sentiu nada.
Nem dor sentimos.
Não sentimos nada.
E mais do que tudo, o nada me amedronta.

A minha avó, que é de outra época, disse que o tempo cura tudo.
Mas há algo aqui que precise ser curado?
Talvez os meus medos.
Mas tempo é algo tão relativo.
O tempo pode ser tudo.
O tempo pode não ser nada.
E no momento eu tenho medo de tudo e eu tenho mais medo ainda do nada.
Eu tenho medo do tempo.













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